quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Um relacionamento é feito de trocas, não digo trocas materiais, ou trocas na mesma proporção. Mas quando nos dispomos a estar com alguém, nos comprometemos a saber guardar bem aquela pessoa, aquele sentimento. Não existe relacionamento quando o sentimento é ‘unilateral’, só uma pessoa ama, só uma pessoa sente falta, só uma pessoa quer perto, e o outro, tão perdido no que sente, não sabe ao menos demonstrar que se sente feliz com todo o carinho que lhe é dispensado. Os amantes também cansam, também se ferem, também ficam doentes e também precisam de um pouco de carinho às vezes. Passarinho em gaiola pode ser feliz e pode cantar, desde que quem o mantém cativo esteja ali, que seja um pouco, para alimenta-lo e não deixar dúvidas que toda aquela prisão é por medo de perder o canto que o faz feliz. Caso contrário, cantos se silenciam, desejos se escondem e o amor que há muito permanece sem cultivo, se esgota.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012


Desisti. 
Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Algo entre uma santa e uma pilantra. Desde que no controle e irritada. Agora, não quero mais nada. 
Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir e cagar pra ele.
Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. O trator da felicidade. Atropelei o mundo e eu mesma. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e… quer saber? Nem eu. Chega.
Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo.